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Segurança para as Multidões

Começa a fase da adolescência e os jovens mudam o olhar para o convívio social mais intenso, e, para o desespero dos pais e responsáveis, começam as baladas, bailes funk, “pancadões”, shows e eventos públicos bastante concorridos. Um cenário corriqueiro, porém perigoso, pois envolve Multidão. Intuitivamente, falar em “multidões” sugere um contingente imenso de pessoas.…

Começa a fase da adolescência e os jovens mudam o olhar para o convívio social mais intenso, e, para o desespero dos pais e responsáveis, começam as baladas, bailes funk, “pancadões”, shows e eventos públicos bastante concorridos.

Um cenário corriqueiro, porém perigoso, pois envolve Multidão.

Intuitivamente, falar em “multidões” sugere um contingente imenso de pessoas. Porém, segundo estudos psicossociais, as MULTIDÕES caracterizam-se pela maior aglomeração de pessoas com interesse comum, motivadas por um mesmo evento excitante, sem qualquer vínculo pessoal, mas em condições de contiguidade física.

Inicia-se assim o sentido de grupo, quando as reações individuais passam a ser regidas pelo coletivo. A movimentação aleatória ocasionada pelo fato motivador, gera o fenômeno conhecido como “milling”, que vem a ser um movimento coletivo e sem direção definida, que “homogeneíza” a multidão. Porém, a sensação de insegurança e a excitação individual começa a manifestar-se, dando vazão a reações não refletidas, irresponsáveis, impulsivas e totalmente vinculadas ao movimento coletivo.  

“Milling”

Em termos espaciais, os indivíduos não possuem familiaridade com o local onde estão aglomerados, permanecendo ali de forma despreocupada, tendo como único propósito assistir à atração musical.

Em situações anormais, quando o equilíbrio da situação fica comprometido por algum evento indesejável, o comportamento da multidão torna-se imprevisível, já que os fatores que mantinham o grupo homogêneo se rompem. Assim, ainda seguindo o comportamento grupal, atitudes movidas pelo medo resultam no pânico, um sentimento acentuado de medo e ansiedade,  e no descontrole generalizado.

Neste momento, as condições de segurança passiva da edificação são preponderantes para que o abandono do público seja realizado em condições seguras. Podem ser elencados os aspectos em que a segurança passiva pode atuar:

Rota de Fuga, Saída de Emergência e Ponto de Encontro
  1. saídas de emergência destrancadas e supervisionadas, especialmente posicionadas em mais de uma fachada do prédio, com largura de passagem suficiente para a capacidade de público da edificação, adequadas aos critérios normativos de distância máxima de percurso;
  2. circulações, escadas e rampas largas e desobstruídas, compatíveis com a largura das respectivas saídas de emergência; e com o nível de segurança vinculado ao porte da edificação;
  3. vãos de ventilação ou sistema de ventilação forçada dimensionado para o número de trocas de ar adequado ao volume do ambiente;
  4. áreas de refúgio ou pontos de encontro em locais ventilados, abertos e seguros;
  5. a edificação deve ser avaliada quanto ao seu sistema construtivo, para que o tempo requerido de resistência ao fogo seja levado em consideração nas medidas de abandono seguro;
  6. os materiais de acabamento e revestimento precisam ser igualmente analisados, para que atendam à classe de materiais adequada à prevenção da produção e propagação do fogo e fumaça;
  7. atenção ao isolamento dos riscos, através das soluções de compartimentação horizontal e/ou vertical, conforme o caso,  relacionada à própria edificação e aos prédios vizinhos.

Além das condições de segurança ativas e complementares, tais como:

  1. Plano de Intervenção em Emergências, considerando as peculiaridades da ocupação e contendo a estratégia de ações em situações anormais;
  2. Brigada de Emergência, com o pessoal treinado em prevenção e combate ao incêndio, em primeiros socorros e conhecedores do teor do Plano de Intervenção em Emergências local, capaz de orientar e conduzir as pessoas em segurança, mantendo-as calmas e minimizando o pânico e as vítimas;
  3. Condições de aproximação e abordagem do veículo e da guarnição do Corpo de Bombeiros Militar, para agilizar o apoio externo;
  4. Sinalização de segurança que proporcione boa visualização à distância, indicando as rotas de fuga e as saídas de emergência;
  5. Iluminação de Segurança que forneça o nível de iluminamento necessário à identificação das rotas de fuga e saídas de emergência;
  6. Extintores portáteis localizados adequadamente e com capacidade extintora compatível com o risco do ambiente;
  7. Sistema de detecção pontual ou linear, adequado à ocupação;
  8. Dispositivos fixos de proteção contra incêndio, redes de hidrantes e/ou sprinklers, dimensionados conforme o porte e o tipo de ocupação.

O acolhimento de público em locais fechados deve ser precedido de condicionantes de segurança bastante criteriosos, para que os fatores naturalmente adversos – pânico, alcoolemia, imaturidade, desconhecimento da planta do local, – não sejam empecilho para um resgate seguro dos ocupantes da edificação. 

O preparo do edifício para abrigar eventos de concentração de público inspira o atendimento a uma equação com variáveis múltiplas. Ressalta-se a importância de um projeto de Arquitetura, novo ou de reforma, que deve contemplar os requisitos de proteção passiva desde a sua concepção, para que soluções precárias, paliativas e ineficazes não sejam adotadas em etapas posteriores, deixando o público em situação de vulnerabilidade.

O responsável pelo evento precisa estar ciente das implicações e riscos característicos destes tipos de ocupação, para não vir a ser responsabilizado civil e criminalmente por potenciais ocorrências indesejadas, que podem vitimar seres humanos. E, pior ainda, nada impede que  o jovem que frequenta a sua casa de show venha a ser alguém da sua própria família…

Empatia

Responsabilidade e empatia devem se transformar nos principais PROPÓSITOS dos promotores de eventos. Descuidos são desastrosos e irreversíveis.

DB